Demora para transferência já causou ao menos 14 mortes por Covid no interior do AM em janeiro, aponta levantamento


Crise de falta de oxigênio já alcança municípios do interior do Estado. Mais de 600 pacientes estão em lista de espera por leitos na rede hospitalar. Urnas funerárias em frente ao Hospital Regional de Coari, após morte de 7 pacientes por falta de oxigênio. Severo Júnior/Arquivo Pessoal A demora para transferência de pacientes do interior do Amazonas para a capital já causou, pelo menos, 14 mortes por Covid neste mês de janeiro. O levantamento é da Defensoria Pública da região do Médio Solimões, que abrange sete municípios. A crise por falta de oxigênio em unidades de saúde também chegou ao interior. Ao menos 30 pessoas com Covid-19 e síndromes respiratórias morreram no interior entre 15 e 19 de janeiro, por falta de oxigênio ou remoção, de acordo com defensores públicos. O Amazonas já transferiu mais de 300 pacientes com Covid para tratamento em outros estados, porque o sistema de saúde local entrou em colapso após um novo surto da doença. Até este sábado (30), mais de 8 mil pessoas morreram no estado com Covid. CRISE NA SAÚDE: Sete morrem por falta de oxigênio em Coari, diz prefeitura INTERIOR: Justiça determina que governo transfira pacientes com Covid de Tefé para leitos de UTI No interior, os municípios não possuem leitos de UTI. Segundo a defensora do núcleo do Médio Solimões, Márcia Milene, os 14 pacientes que morreram estavam no sistema de regulação do Estado, ou seja, na fila para serem transferidos. "A nossa realidade é agir judicialmente, então a Defensoria tem tentado constantemente agir com pedidos judiciais, inclusive porque a realidade dentro do hospital, ela se modifica muito rápido. Ela tá sempre andando, ela tá se tornando mais grave com muita velocidade", disse. Suzana Moraes, filha do paciente Francisco Pontes, de 76 anos, conta que o pai foi diagnosticado com Covid e está entubado no Hospital Regional de Tefé. Há quatro dias, ele espera por um leito de UTI em Manaus. "Todo dia eles falam que vão remover e não removem. Hoje ela ligou, deu uma boa expectativa pra nós, nós viemos, trouxemos malas, quando chega aqui ela diz que não tem oxigênio na aeronave e manda a gente voltar amanhã ainda pra ver se vão remover ele", denunciou. Até este sábado, mais de 600 pessoas estavam na fila de espera por um leito na rede hospitalar do Amazonas. O crescimento foi de 56% em duas semanas. Mais de 2,1 mil pessoas encontravam-se internadas. Interior do Amazonas já soma mais casos de Covid que a capital Manaus Nova variante preocupa O pesquisador Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, informou que a nova variante do coronavírus encontrada no País é a dominante no Amazonas. O ritmo mais rápido de contaminação preocupa. "Identificamos a P.1 [como a variante é chamada] em 51% dos genomas sequenciados em dezembro e 91% daqueles sequenciados em janeiro. Isso não só de Manaus, mas também de outros municípios do Amazonas", disse. Mutação do vírus no Amazonas: o que se sabe até agora Nova variante do coronavírus já foi identificada em nove municípios do AM Naveca diz que os pesquisadores acreditam que a nova variante é uma das responsáveis pelo aumento dos casos no estado, mas não é a única, uma vez que houve uma queda grande do distanciamento social, principalmente no final do ano. Coronavírus: SP registra três primeiros casos da variante de Manaus Caos por falta de oxigênio Nos dias 14 e 15 deste mês, Manaus viveu tristes cenas de caos na Saúde por conta de falta de oxigênio nos hospitais. O governo informou que a média de 30 m³ subiu para 70³ em poucos dias, e ultrapassou a capacidade de fornecimento da empresa contratada. O governo afirmou que, entre o fim de outubro e início de novembro, ampliou em 155% o número de leitos exclusivos para pacientes com Covid. Porém, a quantidade de novos casos foi tão alta que nem essa ampliação conseguiu atender os doentes. O mês de janeiro deste ano já tem o maior número de novas internações por Covid desde o começo da pandemia. Até então, abril e maio registravam os recordes da doença, quando o estado passou pela primeira onda. *Com colaboração de Daniela Branches, da Rede Amazônica. VÍDEOS: relatos da crise da falta de oxigênio em Manaus Initial plugin text

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