Voluntários de testes de vacinas contra a Covid no RS dizem não conseguir comprovante em aplicativo do SUS


ConecteSUS não fornece certificado ao grupo, uma vez que lotes de testes não teriam sido registrados pelo Ministério da Saúde. Hospitais de Porto Alegre que promoveram pesquisas afirmam que pasta comunicou a inclusão dos registros para o dia 1º de outubro. Mensagem que aparece para voluntário de pesquisa de vacinas no aplicativo ConecteSUS Arquivo pessoal Voluntários de testes clínicos de vacinas contra a Covid-19 no Rio Grande do Sul afirmam que ainda não conseguiram emitir o Certificado Nacional de Vacinação pelo aplicativo ConcteSUS, do Ministério da Saúde. Ou seja, mesmo já imunizados, eles enfrentam dificuldade para comprovar a vacinação. O g1 entrou em contato com o Ministério da Saúde e aguarda retorno. O problema foi confirmado ao g1 por instituições de saúde como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que promoveu pesquisas das vacinas AstraZeneca e Janssen, e pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que também testou a Janssen. Nícolas Kasprzak, de 48 anos, é uma das 1,4 mil pessoas que participaram dos testes no HCPA, recebendo doses da AstraZeneca em outubro e dezembro de 2020. O técnico de informática teme não conseguir um emprego sem comprovar a imunização. (Veja vídeo abaixo) "Se me chamarem para uma entrevista, não aceitarem a carteirinha que eu tenho da pesquisa e disserem que precisam do certificado do ConecteSUS, eu vou perder a vaga de emprego", observa. Voluntário de teste de vacina no RS ainda não recebeu comprovante do SUS O chefe do Serviço de Gestão em Pesquisa do Hospital de Clínicas, Rafael Zimmer, explica que a instituição aguardava, desde fevereiro, orientações das autoridades para realizar o registro. Apenas no final de julho uma resposta foi dada. No início de setembro, com o envio de informações referentes aos lotes aplicados, o HCPA foi comunicado de que o problema seria resolvido em outubro. "Os lotes utilizados no estudo ainda não haviam sido reconhecidos pela Anvisa. Então, a gente não tinha como cadastrar os voluntários, porque os lotes não estavam no sistema. A gente foi informado que isso tudo seria resolvido no dia 1º outubro", aponta. Saiba como obter certificado que comprova imunização O coordenador dos testes com a CoronaVac no Hospital São Lucas da PUCRS, Fabiano Ramos, faz o mesmo relato, ressaltando que o governo federal também projetou para outubro a resolução do problema. "O site do ministério onde se colocam os dados não aceita os lotes de vacinas que foram usados nos estudos. Isso não foi um problema dos estudos, a gente está pronto para colocar todo mundo. O grande problema é para quem quer viajar, o nome não está lá cadastro no ConecteSUS", explica. Frascos das vacinas Pfizer, CoronaVac, AstraZeneca e Janssen, aplicadas em Porto Alegre Cristine Rochol/PMPA/Divulgação Viagens Rafael Zimmer diz que, mesmo sem o certificado do ConecteSUS, o comprovante de participação no teste é válido, por exemplo, para viagens. O GHC também afirma que seus voluntários conseguiram comprovar a imunização com o documento da pesquisa da Janssen. "Alguns participantes que precisaram viajar não tiveram problemas apresentando esse comprovante. Mas, como não é um comprovante do Ministério da Saúde, pode depender do país que a pessoa está indo", diz Fabiano Ramos, da PUCRS. Ainda assim, o voluntário ouvido pelo g1 reclama do descaso do Ministério da Saúde. "O que mais me chateia é a questão de falta de respeito do ministério", lamenta Kasprzak. Certificado de vacinação pode ser emitido em três idiomas Reprodução Insegurança O professor universitário Luiz Artur Ferraretto relatou sua experiência como voluntário no livro "Paciente 13: Testando a vacina contra a covid-19 (ou a ciência vencendo o medo)". Contudo, o comprovante oficial do Ministério da Saúde não consta em sua obra, já que o docente também não consegue acessar o documento pelo aplicativo. Ferraretto recebeu a primeira dose há quase um ano, no dia 2 de outubro de 2020, e a segunda, em 13 de novembro daquele ano. "Como é possível que até hoje essas informações não tenham sido inseridas no sistema do SUS? Falam tanto em voltar à normalidade, em economia de mãos dadas com a saúde, e estão negando essa possibilidade aos voluntários?", questiona. O jornalista William Boessio, de 30 anos, foi voluntário dos testes da vacina Clover promovidos pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Centro do estado. O imunizante já pode ser testado em humanos, segundo a Anvisa, mas ainda não foi liberado para aplicação em massa. O voluntário, que tomou as doses entre junho e julho deste ano, teme não conseguir acessar o comprovante no aplicativo ConecteSUS quando houver a liberação. William conta que foi possibilitada a desistência de participação nos testes. "Eu só não desisti porque tive sintomas que acredito que tenham sido da vacina", afirma. Nova vacinação Em São Paulo, voluntários sem comprovantes foram tomar mais doses, desta vez nos postos de saúde, para obter o certificado oficial do governo federal. Já em Porto Alegre, o Comitê de Ética em Pesquisa do GHC relata o caso de um paciente já imunizado que optou por fazer as vacinas do SUS, além da vacina do estudo. Para quem já está apto para a dose de reforço da CoronaVac, os comprovantes fornecidos pela coordenação do teste promovido pelo Hospital São Lucas da PUCRS servem para comprovar a imunização, explica Fabiano Ramos. O médico solicita que as pessoas sigam nos estudos, a fim de contribuir com o acompanhamento dos resultados. "Mesmo quem possa ter tomado essa decisão de fazer a dose, que siga no estudo, que mantenha o acompanhamento até para ver depois se possa ter algum dado que possa ser científico", afirma. Parte dos voluntários participou da pesquisa da CoronaVac em Porto Alegre Cristine Rochol/PMPA VÍDEOS: Tudo sobre o RS

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